CORES NÃO DEFINEM QUALIDADE EDUCACIONAL
Cassildo Souza
A discussão do ensino público no país nunca será matéria obsoleta, por isso sempre causa impacto nos fóruns, congressos, sessões parlamentares e audiências públicas, na tentativa de se encontrar um sistema educacional de qualidade que garanta ao Brasil opções de crescimento e de destaque internacional. Nesse contexto, vez por outra, surgem idéias no sentido de equacionar o problema, como o caso das cotas universitárias para estudantes de escolas públicas, tema bastante debatido pela sociedade.
Tais cotas visam a estabelecer um percentual de pontos destinado aos alunos que cursaram ensino médio em escolas estatais, o chamado argumento de inclusão. Até aí, nada de questionável. Acontece que, na mesma proposta, estão previstas subcotas para estudantes negros e índios, garantindo que estes obtenham número mínimo de vagas, com a premissa de que sempre constituíram raças menos favorecidas e, dessa forma, menos privilegiadas em relação à qualidade do ensino recebido em sua trajetória escolar. Tal dispositivo provocou reações diversas entre os que consideram o projeto coerente e aqueles que o entendem como uma afronta à honra e diginidade dessas duas raças, considerando-as inferiores.
Afirmar que negros e índios são grupos historicamente discriminados não pode ser desconsiderado. No entanto, no meu entender, no momento em que o governo abre essa possibilidade, além de realmente julgar as raças como incapazes, separando-as das demais, passa a agir injustamente com os estudantes brancos, muitos deles com um ensino equiparado às outras duas raças, já que em nossa País, por causa da miscigenaçao, as salas de aula são cheias de alunos que advêm de diversas etnias. Para mim, essa justificativa não é contundente e acaba por denunciar o atestado de incompetência do Estado em oferecer uma escola que realmente atenda às necessidades de nossos estudantes.
Os nossos representantes deveriam - em contraste com uma proposta tão mal pensada - investir na integralização de todas as instituições de ensino básico, melhorar as estruturas das escolas e cobrar resultados dos profissionais (para tanto, ofereça-lhes um salário melhor, mas lhe exigindo contrapartida), estabelecendo sanções para aqueles que não cumprissem seus deveres. Isso, sim, é interessante. Quando o ensino é ruim, não atinge apenas aqueles que têm a cor mais escura, e sim a todos que dele necessitam. Os negros e os índios não precisam de esmolas, precisam de boa educação e, nesse quesito, eles estão em situação de igualdade com qualquer branco, por mais ariano que seja.
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