Às 19h50 (horário do Rio Grande do Norte), ainda não tive acesso à prova do ENEM. Na qualidade de professor de Linguagens e Códigos (escolas públicas - com inglês - e cursinhos preparatórios - com português e redação), estou nos contatos, pelas redes sociais, com alunos que participaram do Exame e colegas professores. As reclamações já começaram, os relatos sobre as questões difíceis, sobre a necessidade de raciocinar, essas coisas que ocorrem no final dos processos seletivos. E eis que começo a refletir sobre o Exame de 2012. Ele parece representar a "emenda" da transição que precisa haver no intuito de melhorá-lo.
A partir de agora, aquilo que sempre pareceu óbvio para nós, da área das línguas (deveria ser algo compreendido independentemente da área de conhecimento), será ainda mais crucial para se dar bem na prova. A leitura e a escrita, aspectos tão focados nas discussões, nas aulas, na preparação, mas pouco praticados de fato, tenderão a exigir ainda mais dos candidatos, se há realmente o desejo de ingressar no curso superior dos sonhos. A seleção, com o passar dos anos, gradativamente revelará aquilo que já presumíamos, mas que insistimos em não ver: a fragilidade de nosso sistema de ensino e a falta de maturidade de conhecimento exposto na maioria de nossos estudantes. Essa morbidez não combina com as provas de 180 questões e 900 itens para respostas.
Um exemplo claro de como se trata o ensino preparatório, prometendo-se aquilo que não se pode cumprir, está relacionado à redação. O tema de hoje é uma lição tanto para alunos quanto para professores; para os alunos, na medida em que este deve estar antenado ao que acontece: ler revistas jornalísticas, ver o noticiário, informar-se pelas redes, enfim, cumprir a cidadania, como deve ser realmente. Essas ideias - para o ENEM - já são velhas, mas agora é que começam a concretizar-se, teoria e prática parecem querer caminhar juntas; é uma lição para os professores, por outro ângulo, haja vista que conhecimento não é um campeonato em que os bastidores da semana tratam de incitar os torcedores a ver o seu clube campeão, por cima de tudo e por todos; ninguém tem o direito de querer antever os fatos, apenas se deve trabalhar criteriosamente. Quem está com a consciência tranquila, desconsidera tais afirmações.
Aos alunos é preciso muito comprometimento daqui por diante. O vestibular, que virou o ENEM, não está preocupado com as realidades diferentes do ensino neste país imenso e diverso. Na verdade, esse Exame será uma referência que deve ser atingida, é o ponto a que os docentes devem incentivar seus alunos a chegar. Também não nos iludamos, que o ensino básico demorará muito para alcançar um nível de excelência e isso se refletirá ainda mais a cada edição do Vestibular Nacional, que é o teremos inevitavelmente. A mentalidade, de docentes e discentes, precisará de um salto de qualidade se quisermos realmente nos alinhar ao ingresso para as universidades por essa via de acesso. Em caso oposto, as decepções, reclamações e frustrações estarão o tempo todo ocupando destaque nas publicações.
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