Dois alunos do 6º ano:
- Eu tenho 2 éguas que tomo conta, mas "é" de meu pai, ele quer vender uma.
- Vende por quanto?
- Não sei, ele é o dono, é quem sabe, mas só vende uma. Tá seco e o bichinho "tá" sem comer.
- Pois eu acho que vou falar com meu pai, pra comprar.
E seguiu-se, quase toda a aula, os dois falando disso, enquanto a aula de recuperação, para eles, nem existia.
Antes, a mãe de um deles, quando o deixou na escola, já tinha prevenido:
- Olhe, se chegar cedo em casa, não esqueça: dê comer à égua (capim) e água. É sua obrigação, viu? Quando eu chegar vou olhar se você cuidou dela direitinho.
Nesse universo do trabalho com animais, ajudando pais no comércio ou vendendo coisas na rua é que vive grande parte de nossos alunos. O universo deles é formado disso. Como, então, exigir que a escola seja prioridade a essa clientela, numa realidade tão cruel?
A educação é muito complexa para se resolver. Há uma série de fatores que subjazem a simples presença na escola.
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