Saudade. Nostalgia. Lembranças. Momentos memoráveis que
ficaram. Hoje, um ciclo se encerra, uma trajetória se fecha, sonhos são
concretizados. Será que imaginamos que esse dia chegaria tão rápido? Será que
as amizades que se formaram e se firmaram nesses 3 anos estavam preparadas para
este momento?
O filme
das vidas de vocês começa a ser veiculado agora. Um filme também vem às nossas
cabeças, enquanto mestres que aprenderam a conviver com meninos e meninas
atônitos, apavorados, assustados com o que viria pela frente. Alguns que se
escondiam por trás da timidez; alguns que, com a dinâmica dos desafios,
agitavam-se, esperneavam e até choravam; alguns que se rebelavam, que
protestavam, que se opunham; alguns que apenas calavam; alguns que apenas
ouviam. É hora de partir, sim. Mas antes, abramos um parêntese.
Para que serve a despedida? Não é para selar
um final, certamente. Serve para fazermos balanços, para refletirmos, para prepararmos
uma nova etapa, um novo destino. Nesta hora, nós, seus eternos professores,
queremos – antes de tudo – dizer que valeu a pena. Queremos afirmar que o
caminho percorrido, com altos e baixos, facilidades e entraves, sucessos e
dificuldades, foi espetacular por ter sido ao lado de vocês; especial, por ter
tido cada um cumprindo sua missão em favor de si próprio; arrebatador, por ter
sido intenso; doloroso, quando
transparente; real, porque sempre com o coração.
Hoje,
homens e mulheres cheios de objetivos reais, vocês demonstram física e
espiritualmente o quanto cresceram, o quanto viraram pessoas de bem, o quanto
se transformaram em cidadãos para o futuro. Hoje, vocês não são mais meninos e
meninas assustados, atônitos, rebeldes, opositores e, no entanto, como
pré-adultos vocês possuem as mesmas características de antes, agora com dosagem
equilibrada, mas necessária; porque passe o tempo que passar, seremos todos
sempre assustados, atônitos, rebeldes, questionadores, para que nossa condição
humana seja mantida.
Formar
pessoas não é tarefa das mais fáceis, mas deixa de ser complexa quando tais
pessoas decidem o que querem ser. Vocês facilitaram a missão de seus mestres:
decidiram ser vencedores, ser do lado do bem, ser bons filhos, bons alunos, e
contaram com a nossa ajuda para alcançar todos esses objetivos, porque sabiam
que sonharmos juntos é melhor do que sonharmos sozinhos. Vocês não se dão
conta, ainda, da maravilha que os compõe, da felicidade que representam para
seus pais, familiares e professores. Vocês – de fato – já se tornaram homens e
mulheres constituídos para brilhar.
Hoje, não temos palavras para agradecer o quanto foi
especial desfrutarmos de sua presença todas as tardes; falta-nos conteúdo para
dizermos que vocês são iluminados; como nos esquecermos das aulas cheias de
questionamentos? Como nos esquecermos do barulho que às vezes tomava conta da
sala, de forma inexplicável? Como nos esquecermos dos seminários, das viagens
de estudo, das resenhas dos intervalos, das broncas por alguma coisa indevida,
das divergências com colegas e professores, dos protestos por aquilo que
julgavam ser errado? Como nos esquecermos de cada rosto juvenil que transita
para uma fisionomia mais sisuda e preocupada com o mundo cruel que os espera?
Não precisamos apagar nada, aliás, tudo deve ficar da
maneira que está na lembrança. Tudo deve permanecer do jeito que sempre esteve.
Esses flashes são intermináveis. Eles são, também, inapagáveis, impagáveis e
inesquecíveis. Nunca deixarão de ser nossos alunos, já que decidimos, por
unanimidade, não deixar de sermos seus ensinantes; nunca deixarão de ser nossos
amigos, visto que escolhemos ser seus cúmplices; nunca deixarão de ser nossos
confidentes, porque fizemos votos para eternamente ouvi-los; nunca deixarão de
nos consultar, na medida em que os seus sentimentos são parte de nossas vidas.
Vão para o mundo, pois estão no ponto de iniciar batalhas,
gladiadores! Nunca estarão acabados, mas aprenderão a constância que se exige
no mundo da globalização econômica, social, cultural; quem os tiver como
parceiros serão privilegiados, assim como fomos em pelo menos três anos.
Entregamo-los com a certeza de que – cumprida a nossa missão de orientá-los
para a vida – jamais nos decepcionarão. Vão com toda a felicidade que Deus lhes
deu, pois a vida é um composto de eras que se encerram para se renovar. Em nós,
ficará uma saudade imensa, que jamais enfraquecerá, mas que – por outro lado –
representa o quão felizes fomos em dividir a convivência com vocês, filhos nossos
adotados pela paixão de ensinar.
Nós os amamos!
*Texto composto e lido pelo professor Cassildo Souza, em 26.12.2012, durante a Aula da Saudade das 3ªs. séries "A", "B" e "C", da Escola Estadual Tristão de Barros - Currais Novos / RN.
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