25 de jan. de 2013

A harmonia geral provavelmente nunca haverá


Segundo a maioria dos dicionários da língua portuguesa, harmonia é, dentre outros significados, “regularidade, simetria, organização”.  Termo usado na música, nas empresas, no esporte e notadamente nos relacionamentos afetivos, para indicar consistência, unidade, coesão. Considerando tais sentidos práticos, será que podemos esperar que a humanidade um dia caminhe nessa linha, ou a própria natureza do homem inviabiliza esse desejo?

Analisemos racionalmente a característica do ser humano de querer conquistar tudo o que estiver a seu alcance, pensando primeiramente nele para depois – quem sabe – direcionar-se a seus parceiros. Muitas vezes uma aspiração do indivíduo A contraria diretamente as aspirações do indivíduo B.  Vejamos o exemplo de 2 pessoas conhecidas, que se dão bem, mas que são -  em determinado momento da vida – obrigadas a estarem em lados opostos, lutando por apenas 1 vaga num emprego. Certamente, não precisa haver briga, mas o próprio desfecho desse episódio sugere uma “desarmonia”, já que haverá um bem-sucedido e um fracassado.  E quantos casos desse tipo, ou em outras instâncias, acontecem diariamente no planeta!

Os interesses humanos se opõem entre si, à maioria das vezes, e isso – em meu entender – inviabiliza a harmonia, em seu sentido mais prático. O problema não seria tão grave se as pessoas entendessem essa natureza complexa que os envolve. A situação se agrava porque a aceitação do triunfo alheio, quando nos atinge diretamente, torna-se um fardo que não queremos carregar. Nesse caso, o sucesso do outro implica nossa queda e, infelizmente, em grande parte dos casos, não estamos preparados para os reveses, o que nos faz correr atrás do prejuízo a todo custo e – usualmente – com estratégias pouco civilizadas. Tudo isso conduz à falta de harmonia, o que não deveria necessariamente provocar covardia, mas é o que corriqueiramente observamos.

Por essas vias, provavelmente nunca existirá a harmonia geral. Podemos até relevar certas coisas, podemos ser mais maleáveis em certos casos, menos rudes, mais tolerantes, mais gentis. Mas o conceito de harmonia talvez não nos permita conquistá-la de forma plena, porque nossos interesses inevitavelmente estão em contraste com as aspirações de outrem, que de forma igual lutarão para que seus anseios sejam concretizados. Aliás, os contrastes dominam nossa raça desde sempre. Se vivemos em conflito com nós mesmos, isso apenas se amplia quando saímos da peleja interior para nos afirmarmos diante dos nossos, por assim dizer, “opositores”.

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