Segundo a maioria dos dicionários
da língua portuguesa, harmonia é,
dentre outros significados, “regularidade, simetria, organização”. Termo usado na música, nas empresas, no
esporte e notadamente nos relacionamentos afetivos, para indicar consistência,
unidade, coesão. Considerando tais sentidos práticos, será que podemos esperar
que a humanidade um dia caminhe nessa linha, ou a própria natureza do homem inviabiliza
esse desejo?
Analisemos racionalmente a
característica do ser humano de querer conquistar tudo o que estiver a seu
alcance, pensando primeiramente nele para depois – quem sabe – direcionar-se a
seus parceiros. Muitas vezes uma aspiração do indivíduo A contraria diretamente
as aspirações do indivíduo B. Vejamos o
exemplo de 2 pessoas conhecidas, que se dão bem, mas que são - em determinado momento da vida – obrigadas a
estarem em lados opostos, lutando por apenas 1 vaga num emprego. Certamente,
não precisa haver briga, mas o próprio desfecho desse episódio sugere uma “desarmonia”,
já que haverá um bem-sucedido e um fracassado.
E quantos casos desse tipo, ou em outras instâncias, acontecem diariamente
no planeta!
Os interesses humanos se opõem
entre si, à maioria das vezes, e isso – em meu entender – inviabiliza a
harmonia, em seu sentido mais prático. O problema não seria tão grave se as
pessoas entendessem essa natureza complexa que os envolve. A situação se agrava
porque a aceitação do triunfo alheio, quando nos atinge diretamente, torna-se um
fardo que não queremos carregar. Nesse caso, o sucesso do outro implica nossa
queda e, infelizmente, em grande parte dos casos, não estamos preparados para
os reveses, o que nos faz correr atrás do prejuízo a todo custo e – usualmente –
com estratégias pouco civilizadas. Tudo isso conduz à falta de harmonia, o que
não deveria necessariamente provocar covardia, mas é o que corriqueiramente
observamos.
Por essas vias, provavelmente
nunca existirá a harmonia geral. Podemos até relevar certas coisas, podemos ser
mais maleáveis em certos casos, menos rudes, mais tolerantes, mais gentis. Mas o
conceito de harmonia talvez não nos permita conquistá-la de forma plena, porque
nossos interesses inevitavelmente estão em contraste com as aspirações de
outrem, que de forma igual lutarão para que seus anseios sejam concretizados. Aliás,
os contrastes dominam nossa raça desde sempre. Se vivemos em conflito com nós
mesmos, isso apenas se amplia quando saímos da peleja interior para nos
afirmarmos diante dos nossos, por assim dizer, “opositores”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário