A luta que os alunos enfrentam
em relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, eles não
apresentam dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas
começam a surgir quando esse aluno tem necessidade de se expressar formalmente
e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta última situação,
ele deve ter claro que há diferenças marcantes entre falar e escrever.
Na linguagem oral o falante tem claro com quem
fala e em que contexto. O conhecimento da situação facilita a produção oral.
Nela o interlocutor, presente fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de
intervir, de pedir esclarecimentos, ou até de mudar o curso da conversação. O
falante pode ainda recorrer a recursos que não são propriamente lingüísticos,
como gestos ou expressões faciais. Na linguagem escrita a falta desses
elementos extratextuais precisa ser suprimida pelo texto, que se deve organizar
de forma a garantir a sua inteligibilidade.
Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais
gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu
produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que
ele não domina os recursos específicos da modalidade escrita.
A escrita tem normas próprias, tais como regras de
ortografia – que, evidentemente, não é marcada na fala – de pontuação, de
concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de
tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um
texto escrito. Não basta, também, saber que escrever é diferente de falar. É
necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como
um ato de linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e
seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a
finalidade para a qual o texto foi produzido.
Para que esse discurso seja bem-sucedido deve
constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No
interior de um texto devem existir elementos que estabeleçam uma ligação entre
as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso.
Considera-se coeso o texto em que as partes referem-se mutuamente, só fazendo
sentido quando consideradas em relação umas com as outras.
(DURIGAN,
Regina H. de Almeida et al. “A dissertação no vestibular”. Campinas: Unicamp,
1997). Extraído de:
INFANTE, Ulisses.
Curso de Gramática Aplicada aos Textos. 7.ed. São Paulo, Scipione, 2008.
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